Dona da Real Engenharia e seu Filho, são indiciados por Homicídio no desabamento do Real Class


“Tudo que foi evidenciado no laudo, que apontava que o projeto de cálculo estrutural não era adequado, se tivesse sido observado na obra, poderia ter sido corrigido. Portanto, os três praticaram imperícia e estão sendo indiciados por homicídio culposo e lesão corporal culposa”, informou o delegado Rogério Morais Luz, que presidiu o inquérito criminal sobre o desabamento do Real Class, ao confirmar à imprensa ontem pela manhã o indiciamento do engenheiro Raimundo Lobato, responsável pelo cálculo estrutural do prédio, e dos engenheiros Carlos Paes e Carlos Paes Júnior, responsáveis pela obra.
“Tentamos estabelecer um ‘nexus causal’ entre o evento e as mortes. Para tanto, fizemos um trabalho técnico e minucioso, utilizando desde as fitas com as imagens das câmeras de vigilância dos edifícios Blumenau e Londrina, que mostram o momento da queda, passando pela documentação apreendida no escritório da construtora, o laudo pericial e os depoimentos de mais de 40 pessoas envolvidas”, explicou o delegado sobre a apuração.
Apesar de já ter indiciado Lobato no dia 4 de maio, quando o engenheiro prestou o segundo depoimento, o delegado disse que precisava checar os depoimentos de Carlos Otávio Lima Paes e Carlos Otávio Lima Paes Júnior e comparar as informações aos indícios do laudo: “Foram feitas algumas modificações dos âmbitos das bitolas – estrutura de amarração feita de ferro – que eram de 4,2mm em vez de 5mm, como manda a norma técnica, e os proprietários da construtora argumentaram que mesmo assim não houve alteração de seção, mas o laudo apontou o contrário. Foram reduzidas seções de ferro nos estribos de 11 pilares”.
Segundo Morais, o que gerou o sinistro foi o modelo matemático errôneo utilizado pelo engenheiro calculista Raimundo Lobato (que assina a ART – anotação de responsabilidade técnica – do projeto), que cometeu equívocos de quantidade e dimensões de materiais e desconsiderou situações como a ação do vento.
“De acordo com a norma, cada projeto tem que considerar ventos de 108 a 126 km por hora. No momento em que ocorreu o colapso do prédio, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), os ventos chegavam a 39 km por hora.
A falha dos engenheiros do Real Class, Carlos Paes, que assina a ART de execução da obra, e Carlos Paes Júnior, como engenheiro residente que estava diariamente fiscalizando a obra, foi não atentar para os erros no projeto, aponta o delegado. “A norma técnica determina que quando o projeto chega às mão do executor, ele precisa ser revisado”.
A obra do Real Class teve outro engenheiro residente que poderia também ser responsabilizado, se o inquérito não tivesse comprovado que ele ficou na obra apenas até ser executada a fundação.
Advogado da Real Engenharia, Roberto Lauria, frisou que vai continuar defendendo ausência de culpa dos proprietários da construtora pela queda do prédio. “Não concordamos com a conclusão por entender que houve uma confusão entre responsabilidade civil e criminal”.
Segundo ele, a empresa está arcando com os prejuízos das pessoas que foram prejudicadas pelo ocorrido assim como negocia indenização com as vítimas.
A Real só irá se pronunciar oficialmente após a manifestação do Ministério Público Estadual. (Diário do Pará)

Real Class: após conclusão do inquérito, Dono da Construtora é indiciado por Homicídio!!!


Quatro meses após a queda do edifício Real Class, o inquérito realizado pela Polícia Civil do Pará concluiu que o erro de cálculo influenciou, consideravelmente, no desabamento do edifício. Cerca de 40 pessoas foram ouvidas durante as investigações, mas apenas o proprietário da construtora, Carlos Paes e os engenheiros Carlos Junior e Raimundo Lobato serão indiciados por lesão corporal e homicídio culposo.


De acordo com o delegado responsável pelo caso, Rogério Moraes, a velocidade do vento não influenciou na queda do edifício. 'Não foi levado em consideração o tempo climático, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), naquele dia a velocidade do vento variou de 30 a 39 km/h. E a construção de um prédio é para suportar ventos de até no máximo 109 km/h', explica.


Para o delegado, o erro no cálculo foi fundamental para a queda do Real Class. 'Houve falha na concepção do engenheiro Raimundo Lobato, mas o proprietário, Carlos Paes e o filho dele, Carlos Junior também tiveram culpa porque no cálculo deles também houve pequenas falhas', afirma.


Ainda de acordo com Rogério Moraes, o trabalho em conjunto foi fundamental para a finalização do inquérito. 'No dia 29 de janeiro nós começamos a apreender materiais, entre eles, documentos e HD's. Nós também tivemos acesso ao circuito interno dos prédios vizinhos e o serviço complexo dos órgãos contribui bastante para agilizar o processo' afirma.


Na próxima segunda-feira (23) o material será encaminhado ao Ministério Público do Estado e ao promotor de justiça. Com o término da apuração, o delegado se diz satisfeito. 'Agora que acabou, a sensação é de dever cumprido', ressalta.

Inquérito do Real Class será entregue até sexta




Inquérito do Real Class será entregue até sexta (Foto: Celso Rodrigues)

Cerca de quatro meses após o desabamento do edifício Real Class, da construtora Real Engenharia, que levou 34 andares ao chão no dia 29 de janeiro deste ano, na Travessa 3 de maio, o inquérito que apontará culpados está previsto para ser finalizado ainda esta semana. A tragédia teve um saldo de três vítimas fatais, além de feridos, destruição de casas e carros e centenas de moradores desabrigados.
O delegado Rogério Moraes, da Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe), responsável pelo caso desde o início das investigações, apresenta como principal causa do desmoronamento um erro de cálculo em dois dos principais pilares de sustentação da obra, tendo como principal fonte de análise o laudo do Instituto de Criminalística (IC), do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves.
Segundo o laudo, não foi simplesmente o uso da bitola (estrutura de amarração em ferro) de 4.2mm, menor que a bitola de 5.0mm, exigida pela norma de segurança, que originou do problema, mas sim a utilização de estribos com seção menor que o previsto para o cálculo de um prédio com aquela dimensão. “Por conta da utilização equivocada dessas seções houve, inicialmente, a movimentação transversal dos dois pilares principais da obra, o P15 e o P16, que após se movimentarem sofreram colapso e se romperam”, detalha o perito criminal Dorival Pinheiro, do setor de Engenharia Legal do IC.
Para a perícia, o desabamento foi ocasionado por dois fatores principais. Primeiro: o início da tragédia ocorreu devido à movimentação dos pilares P15 e P16, provocada pela deficiência de estribos que serviriam para combater a flexão transversal. Segundo: a movimentação dos pilares P15 e P16 desestabilizaram o restante da estrutura e provocaram o colapso total do prédio. Para a perícia criminal, as deficiências de estribos nos pilares P15 e P16 ficaram claramente caracterizadas.
Com base nos indícios comprovados com o laudo do Centro de Perícias, o delegado Rogério Moraes já ouviu os principais envolvidos na construção do edifício Real Class. No dia 4 de maio o engenheiro responsável pelo projeto, Raimundo Lobato, foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa, quando prestava esclarecimentos na Dioe. O empresário Carlos Lima Paes, dono da Real Engenharia, e Carlos Lima Paes Júnior, seu filho e engenheiro residente da obra, foram interrogados no dia 12 de maio, mas ainda não foram indiciados, o que pode acontecer com a conclusão das investigações. O delegado promete apresentar o relatório final do inquérito até a próxima sexta-feira, 20, quando se dará desfecho ao caso. Se forem considerados culpados pelo sinistro, os empresários também serão indiciados por homicídio culposo e poderão receber uma pena de três anos de prisão, com base no artigo 121 do Código Penal Brasileiro.
Entenda como foi feita a perícia do desabamento
1- A perícia do desabamento do edifício Real Class foi feita por uma equipe de seis peritos criminais da área de Engenharia legal do Instituto de Criminalística, do CPC Renato Chaves. São todos formados em engenharia civil e com especialização na área.
2- No dia do desabamento, 29 de janeiro, sábado, meia hora após a tragédia, os peritos criminais chegaram ao local e após observação do deslocamento da massa de escombros partiram para várias hipóteses, tais como erro no projeto e/ou execução das fundações, erro no projeto e/ou execução da estrutura e a partir daí definiram a estratégia de trabalho.
3- Primeiramente, foi definido que até o momento do resgate da última vítima, o trabalho na área ficaria a cargo dos Bombeiros e Defesa Civil, logo após o local ficaria sob a responsabilidade do CPC. Durante este período, a retirada dos escombros foi fiscalizada pelos peritos, os quais observaram a disposição das peças arruinadas, os locais que apresentavam as peças mais íntegras, sendo todos esses detalhes devidamente registrados por meio de fotografia.
4- No decorrer dos trabalhos, foram realizadas aproximadamente 20 perícias de danos em casas e em cinco prédios residenciais localizados no entorno do sinistro. Com a retirada da última vítima, o CPC Renato Chaves assumiu os trabalhos, que seguiram um cronograma já elaborado, com base nos serviços a serem realizados.
5- A etapa mais demorada foi a retirada dos escombros para que os peritos verificassem a conformação dos pilares restantes, bem como a integridade da laje do subsolo. Com as informações coletadas dos projetos os peritos saberiam identificar quais blocos de fundação estavam naquele nível e caso a laje apresentasse recalque ou qualquer outra patologia, isto indicaria problemas na fundação. Com relação aos pilares, a conformação assumida por eles seria fundamental para definir a dinâmica do evento.
6- A equipe de peritos se dividiu entre trabalho no campo, local de crime, e no escritório, analisando os documentos e projetos apreendidos na sede da empresa Real Engenharia, já na segunda-feira após o desabamento. A troca de informação entre o trabalho no campo e no escritório foi fundamental para definir ou redefinir o cronograma de atuação. No início, a equipe trabalhava com uma perspectiva de tempo em torno de seis meses, no entanto, entre o início, dia do desabamento, e a finalização do laudo a equipe precisou de apenas 72 dias.
7- Durante este período foram coletadas porções de pilares e vigas, corpos de prova,  que posteriormente foram encaminhadas ao laboratório para análise da resistência do concreto e do aço. Após a limpeza da laje do subsolo, foi feito o nivelamento topográfico da área, para verificar se ela apresentava problemas que indicassem rompimento das fundações. Ao final, tanto os testes de laboratório quanto o levantamento topográfico deram respostas satisfatórias. Entretanto, como durante as análises foi observado que os pilares P15 e P16 (fosso do elevador) romperam e que a laje do entorno encontrava-se bastante danificada, a equipe resolveu verificar os blocos de fundação desses pilares, mas nada de anormal foi identificado.
8- Finalizados os trabalhos no local a equipe se dedicou à elaboração do laudo, analisando e compilando todas as informações coletadas, procedendo cálculos verificadores em pontos críticos, observados no dimensionamento da estrutura, consultando normas, selecionando ilustrações fotográficas e documentos a serem anexados. (Agência Pará)

Dono da Real Engenharia diz não ser responsável pela queda do prédio Real Class


Quatro meses depois do desabamento do prédio Real Class, os últimos depoimentos dos envolvidos no caso foram colhidos nesta quinta-feira (12), na DIOE (Divisão de Investigações e Operações Especiais), em Belém. O dono da empresa Real Engenharia, Carlos Otávio Lima Paes, e o filho dele, Carlos Otávio Lima Paes Junior, falaram por mais de quatro horas, a portas fechadas. 


De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Rogério Moraes, a única peça que falta para a conclusão do processo é o relatório final, onde deve ser informado se os dois serão ou não indiciados. Até o momento, apenas o engenheiro calculista da obra, Raimundo Lobato, foi indiciado. Ele vai responder por homicídio culposo e lesão corporal.


O primeiro a depor foi Carlos Otávio Junior, que falou por cerca de duas horas. Logo após, foi a vez do pai dele depor. 'Nós respondemos tudo baseado nos três laudos estruturais, que acusaram erro no cálculo estrutural como única e exclusiva causa do acidente', afirmou o dono da empresa. O laudo oficial foi divulgado no dia 15 de abril, pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e comprovou que a causa do desabamento foi erro no cálculo estrutural.


Os depoimentos foram acompanhados pelo advogado da empresa, por dois promotores do Ministério Público Estadual e pelo delegado Rogério Moraes. De acordo com o advogado criminal da empresa Real Class, Roberto Lauria, a construtora não é responsável pela causa do acidente. 'A empresa contratou o Raimundo Lobato e ele elaborou todo o projeto e a Real Class apenas o executou. Além disso, os engenheiros executores não têm obrigação de fiscalizar o projeto do calculista', afirmou o advogado.



'Nós construímos um prédio em que o único desacordo era a espessura dos estribos. Em 2003 foi sugerido pela norma que o tamanho deveria ser 5.0, mas o calculista não atendeu a sugestão e usou do tamanho 4.2', relatou Carlos Otávio, o pai. Em depoimento na semana passada, o engenheiro calculista afirmou que a decisão de ter usado esse tamanho era para diminuir os custos da obra. Os engenheiros executores negam essa informação. 'Isso é uma leviandade. Estamos falando de uma economia de R$ 200 para um empreendimento de R$ 20 milhões', ressaltou o dono da Real.


Segundo o advogado da empresa, um orçamento informando os preços dos tamanhos dos estribos foi entregue à Polícia para comprovar que não há diferença nos valores. O delegado, no entanto, disse que não recebeu esse orçamento, apenas foi dito em depoimento. 'Nós não recebemos nenhum orçamento, mas eles disseram durante o depoimento. Nós vamos investigar e ver se confere essa informação', afirmou.

 Rogério Moraes, delegado responsável pelo inquérito

O relatório final deve ser concluído até o final da próxima semana e será encaminhado para o Ministério Público Estadual.

Redação Portal ORM